Quem são os números? Uma análise geográfica das condições econômicas das pessoas com deficiência no Brasil

Abstract

Apropriando-se do modelo social da deficiência e das contribuições da crítica feminista a este modelo, o principal objetivo desta pesquisa é identificar em que medida a deficiência está ligada às desigualdades socioeconômicas, por meio de uma análise espacial e demográfica. A partir dos dados fornecidos pela Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 e pelo Estudo sobre Pessoas com Deficiência e Desigualdades Sociais no Brasil (2022) realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, foram comparados domicílios com e sem a presença de pessoas com deficiência de 2 anos ou mais de idade através da elaboração de mapas, tabelas e gráficos dos indicadores de desocupação e participação no mercado de trabalho, grau de instrução e escolaridade, assim como, os dados sobre renda e moradia, uma vez que essas variáveis se mostram mais sensíveis para retratar as condições de vida das famílias. Buscou-se ainda investigar a influência de um indicador sobre outro, no sentido de que, o nível de instrução pode intervir no acesso ao mercado de trabalho, que por conseguinte pode intervir na renda e nas condições de moradia. Para esta pesquisa em alguns momentos fez se necessário aprofundar a discussão sobre trabalho, capacitismo e envelhecimento, assim como, foi realizado um debate de cunho conceitual, optando-se pelo uso amplo das terminologias associadas às pessoas com deficiência, sempre considerando os termos e conceitos que consideram a deficiência como um dispositivo de justiça social. Apesar das múltiplas contribuições possíveis em escala espacial e demográfica, tentou-se romper com a falta de pesquisas acadêmicas sobre a deficiência no âmbito da Ciência Geográfica.