A várzea do planejamento: a territorialização das ações estatais e as transformações no “Vale da Suruaca” (ES) no período de modernização do Espírito Santo (1960-1990)
| dc.contributor.advisor1 | Boechat, Cássio Arruda | |
| dc.contributor.advisor1Lattes | http://lattes.cnpq.br/1336301405652757 | |
| dc.contributor.author | Lopes, Gabriel Pedro Alves | |
| dc.contributor.referee1 | Leite, Ana Carolina Gonçalves | |
| dc.contributor.referee1Lattes | http://lattes.cnpq.br/3029444198078971 | |
| dc.contributor.referee2 | Kluck, Erick Gabriel Jones | |
| dc.date.accessioned | 2024-05-29T20:55:38Z | |
| dc.date.available | 2024-05-29T20:55:38Z | |
| dc.date.issued | 2022-02-24 | |
| dc.description.abstract | In this research, we approach the process of modernization of the so-called “Vale da Suruaca/ES”, reproduced by the territorialization of state actions that moved the extension and the territorialization of the capital-relationship, particularly in the second half of the 20th century. Suruaca, located in the north of Espírito Santo, was one of the last frontiers of the territorialization of capital in the Southeast of the country in the 1960s. In this sense, we discussed the formative presuppositions of the area, observing the development of the passage from slavery to free labor in this portion of the state, passing through the discussion about the territorialization of quilombolas and indigenous people and the disputes and appropriation of land and water in Suruaca, at the same time time in which we observe their relations with local power. We verified that this whole process of imposition of relations and autonomization of the categories of capital had, however, a violent history of imposition. Therefore, we also return to understand the process of imposing the categories of capital, the State itself and planning. So, we discuss how these unfolded in Espírito Santo from the imposition of a “state model of modernization” headed in this particularity by Jones dos Santos Neves. We also discussed how national modernization unfolded in the state and local context. Through the analysis of DNOS initiatives and action plans such as the “Anteprojeto de Recuperação dos Vales Úmidos”, PROVALES and PROVÁRZEAS, we understand how the reality of Suruaca would be abruptly changed by the actions of regional planning of the floodplains that would transform wetlands of common use on land intended for the production of agricultural and livestock goods that can be traded. These state interventions allowed the implementation, expansion and promotion of agro-industry and highly technified agriculture, in addition to the free mobility of workers and the sale of rural lands to landowners of rice cultivation and, later, also to subdivision for the transformation of these areas into urban land. There was, therefore, the manipulation of water for the appropriation and “valorization” of lands. Thus, even though the discursive objective of these actions was to extend the agricultural area of the state, starting from the production of rice, we saw that what was left in Suruaca was a large plantation of “ox” in lands condemned by actions of “rationalization”, that were transformed through drainage works and systematization of the soils of the floodplains and wetlands, resulting in contamination and desertification. All these processes were mediated by the inflow of fictitious capital, so that the reproduction of capital employed there only occurred through the inflow of public funds, arising from state credits, including the subsidy of infrastructural works, production and commercialization. Therefore, we understand that the territorialization of state actions in Suruaca generated an intense transformation of the socio-environmental conditions of the floodplains and wetlands, producing and leaving as a legacy a "nature in ruins", together with a series of expropriation and spoliation processes of the necessary elements to the means of production and subsistence for local populations, leading towards an intense process of labor mobilization. These processes led to the suppression and elimination of the possibility of reproduction of populations that had a large part of their means of subsistence in relation to water and land. Thus, we conclude that the floodplain of planning was constituted in a context of crisis of the social reproduction of capital, from an intense and violent process of imposition of delayed modernization and, at the same time, it is the territorialization of state actions itself that is itself creator of new and intense crises of different scales and spheres from the point of view of reproduction and capital accumulation, but also of reproduction of populations and ecological problems resulting from the destructive capacity of the commodity production system. | |
| dc.description.resumo | Nesta pesquisa abordamos o processo de modernização do chamado “Vale da Suruaca/ES”, reproduzido pela territorialização das ações estatais que moveram a extensão e a própria territorialização da relação-capital particularmente na segunda metade do século XX. A Suruaca, situada no norte do Espírito Santo, foi uma das últimas fronteiras da territorialização do capital no Sudeste do país na década de 1960. Nesse sentido, debatemos os pressupostos formativos da área, observando o desenrolar da passagem do escravismo para o trabalho livre nessa porção do estado, passando pela discussão acerca da territorialização dos quilombolas e indígenas e as disputas e apropriações das terras e águas na Suruaca, ao mesmo tempo em que observamos suas relações com o poder local. Verificamos que todo esse processo de imposição das relações e autonomização das categorias do capital teve, contudo, uma violenta história de imposição. Por isso, nos voltamos também a entender o processo de imposição das categorias do capital, do próprio Estado e do planejamento. De modo que discutimos como estes se desenrolaram no Espírito Santo a partir da imposição de um “modelo estatal de modernização” encabeçado nessa particularidade por Jones dos Santos Neves. Debatemos também como a modernização nacional foi desdobrada no contexto estadual e local. Através da análise das iniciativas do DNOS e dos planos de ações como o “Anteprojeto de Recuperação dos Vales Úmidos”, o PROVALES e o PROVÁRZEAS, compreendemos como a realidade da Suruaca seria bruscamente alterada pelas ações de planejamento regional das várzeas que transformariam áreas úmidas de uso comum em terras destinadas à produção de mercadorias agropecuárias e passíveis de serem comercializadas. Essas intervenções estatais permitiram a implantação, a expansão e o fomento da agroindústria e de uma agropecuária altamente tecnificada, além de uma livre mobilidade dos trabalhadores e a venda de terras rurais para latifundiários da rizicultura, da pecuária e, posteriormente, também para o loteamento para a transformação dessas áreas em solo urbano. Houve, portanto, a manipulação das águas para a apropriação e “valorização” de terras. Assim, mesmo que o objetivo discursivo dessas ações tenham sido estender a área agrícola do estado, a partir da produção de arroz, vimos que o que sobrou na Suruaca foi uma grande plantação de “boi” em terras condenadas por ações de “racionalização”, que foram transformadas através de obras de drenagem e sistematização dos solos das várzeas e áreas úmidas, resultando em contaminação e desertificação. Todos esses processos foram mediados pela entrada de capital fictício, de maneira que a reprodução dos capitais ali empregados somente ocorreram pela entrada do fundo público, advindo dos créditos estatais, incluindo o subsídio das obras infraestruturais, a produção e a própria comercialização. Por conseguinte, compreendemos que a territorialização das ações estatais na Suruaca geraram uma intensa transformação das condições socioambientais das várzeas e áreas úmidas, produzindo e deixando como legado uma “natureza em ruínas”, conjuntamente com uma série de processos expropriatórios e de espoliação dos elementos necessários aos meios de produção e subsistência para as populações locais, levando em direção a um intenso processo de mobilização ao trabalho. Esses processos levaram a supressão e eliminação da possibilidade de reprodução de populações que tinham na relação com as águas e terras grande parte dos seus meios de subsistência. Sendo assim, concluímos que a várzea do planejamento se constituiu num contexto de crise da reprodução social do capital, a partir de um intenso e violento processo de imposição da modernização retardatária e, ao mesmo tempo, é a territorialização das ações estatais em si a própria criadora de novas e intensas crises de diferentes escalas e esferas do ponto de vista da reprodução e acumulação de capital, mas também da reprodução das populações e dos problemas ecológicos resultantes da capacidade destrutiva do sistema produtor de mercadorias. | |
| dc.format | Text | |
| dc.identifier.uri | https://dspace5.ufes.br/handle/10/12668 | |
| dc.language | por | |
| dc.publisher | Universidade Federal do Espírito Santo | |
| dc.publisher.country | BR | |
| dc.publisher.course | Mestrado em Geografia | |
| dc.publisher.department | Centro de Ciências Humanas e Naturais | |
| dc.publisher.initials | UFES | |
| dc.publisher.program | Programa de Pós-Graduação em Geografia | |
| dc.rights | open access | |
| dc.subject | Territorialização do capital | |
| dc.subject | Mobilização do trabalho | |
| dc.subject | Capital fictício | |
| dc.subject.cnpq | Geografia | |
| dc.title | A várzea do planejamento: a territorialização das ações estatais e as transformações no “Vale da Suruaca” (ES) no período de modernização do Espírito Santo (1960-1990) | |
| dc.type | masterThesis |
Arquivos
Pacote original
1 - 1 de 1
Carregando...
- Nome:
- GabrielPedroAlvesLopes-2022-trabalho.pdf
- Tamanho:
- 2.74 MB
- Formato:
- Adobe Portable Document Format
